Projeto “Mulheres na Prensa” quer aumentar participação feminina na área produtiva da RHI Magnesita

Juliana Morato, gerente de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da RHI Magnesita para América do Sul e líder do Comitê de D&I da empresa na região, nos conta sobre essa e outras iniciativas

Por Conexão Mineral 08/03/2023 - 17:27 hs
Foto: RHI Magnesita
Projeto “Mulheres na Prensa” quer aumentar participação feminina na área produtiva da RHI Magnesita
Juliana Morato, gerente de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da RHI Magnesita

A RHI Magnesita é o fornecedor líder global de produtos, sistemas e soluções refratárias essenciais para processos de alta temperatura, em uma ampla variedade de indústrias, incluindo aço, cimento, metais não ferrosos e vidro. Com uma cadeia de valor verticalmente integrada, a RHI Magnesita atende clientes em todo o mundo, com cerca de 12.000 funcionários em 28 unidades de produção e mais de 70 escritórios de vendas. 

Conexão Mineral conversou com Juliana Morato, gerente de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais da RHI Magnesita para América do Sul e líder do Comitê de D&I da empresa na região, para a Edição Especial As Mulheres na Mineração Brasileira.

Conexão Mineral – Lílian Moreira – Como a RHI Magnesita atua para trabalhar a  diversidade, equidade e inclusão na empresa? 

RHI Magnesita – Juliana Morato - Além da diversidade e a inclusão serem parte da nossa cultura e da nossa estratégia de sustentabilidade, contamos com um Comitê de Diversidade & Inclusão global e nas regiões desde 2018 para implementarmos políticas e ações práticas para acelerar essa transformação. Na América do Sul, o Comitê é estruturado com cinco grupos de afinidade: Gênero, Raça, Gerações, LGBTI+ e PCD. Os grupos propõem e executam as iniciativas, e o comitê direciona e valida. Temos exemplos desde ações de conscientização – como rodas de conversas frequentes, relativas a cada tema - até mudanças de políticas, como a ampliação da licença maternidade e paternidade em 2019, passando por programas de desenvolvimento, como o Programa de Mentoria Feminina e treinamentos com a liderança.  No Brasil, as unidades passam por um Programa de Melhorias e Revitalização recorrente, que inclui o mapeamento das necessidades das mulheres dentro de nossas instalações. Esse programa já gerou algumas ações importantes, com destaque para a construção de banheiros e vestiários femininos nas áreas fabris e de áreas especiais para lactantes. 

CM - Quantas mulheres ocupam cargos de chefia na empresa?

Juliana Morato - Globalmente, temos a meta de atingir 33% de mulheres na nossa liderança sênior até 2025. A evolução já está acontecendo, e acreditamos que é preciso trabalhar em todos os níveis para alimentar o pipeline de sucessão. Na América do Sul, por exemplo, implementamos o projeto “Mulheres na Prensa” para aumentar a participação feminina também na área produtiva. Atualmente, 10% dos colaboradores, na região, são mulheres. Na liderança sênior, saímos de 14,3%, em janeiro de 2022, para 25% em janeiro de 2023. Em termos globais, a RHI Magnesita fechou janeiro de 2023 com 14% de mulheres em relação ao total de colaboradores, sendo 19,3% de mulheres em cargos de liderança sênior. No EMT (Comitê Executivo) e reportes diretos do EMT, fechamos 2022 com 21% de mulheres.

CM – E na área operacional, qual é o cenário atual da presença feminina? 

Juliana Morato - Na América do Sul, atualmente, temos 57 mulheres trabalhando em cargos operacionais, o que representa cerca de 2% em relação ao total de trabalhadores na região. Não temos uma meta estabelecida para mulheres em cargos operacionais. No entanto, a empresa tem feito diversos movimentos para atrair e reter mais mulheres nessas funções, como a construção de vestiários e áreas de descanso para uso exclusivo de mulheres nos ambientes fabris. 

CM – No desenvolvimento tecnológico as mulheres se destacam na empresa?

Juliana Morato - O segmento de refratários por si só é muito técnico, então, temos exemplos de mulheres em diversas áreas técnicas, como Pesquisa & Desenvolvimento, Qualidade & Processos e Operações. Falando de Tecnologia da Informação, especificamente, nossa Head Global, que atua no corporativo e fica na Europa, é uma mulher. 

CM - Tem alguma mulher que, atualmente, trabalhe na empresa e poderia ser considerada um exemplo do sucesso da política interna em prol do aumento da presença feminina? 

Juliana Morato - Sim, temos vários exemplos de mulheres que iniciaram a carreira na RHI Magnesita, em nossos programas de porta de entrada, como o Programa de Estágio, e hoje ocupam cargos de liderança e papéis essenciais na empresa. Eu destacaria como grandes exemplos a nossa CFO na América do Sul, Carolina Novais, a nossa gerente de SupplyChain, Delba Lara, a nossa gerente de Reciclados, Fernanda Teixeira, e a nossa gerente de IMS, Danielle Leite. Todas entraram em nosso Programa de Estágio e agora ocupam importantes funções na América do Sul. Eu também entrei como estagiária, em 2011, e hoje sou gerente da área de Comunicação Corporativa e Relações Institucionais América do Sul, além de liderar o Comitê de D&I na região e já ter atuado como Gerente de RH. Para além dos exemplos dos programas de formação, temos exemplos de sucesso de mulheres em cargos de Diretoria: Ana Flávia Correa, diretora de Tax para as Américas, e Jeise Moreira, diretora de Pessoas, Cultura, Saúde & Bem-Estar e Comunicação para América do Sul.

CM – A RHI Magnesita desenvolve alguma ação em março relacionada ao Dia Internacional da Mulher?

Juliana Morato - Sim, todos os anos desenvolvemos ações especiais para o Dia da Mulher, pois é uma oportunidade de enfatizar a relevância desse tema, além de promover o diálogo e reflexões. Em 2022, desenvolvemos uma roda de conversa, assim como nos últimos anos, e uma campanha com “Mulheres Inspiradoras”, na qual colaboradoras compartilharam cartas com suas histórias de vida e suas lições, com o intuito de mostrar que não estamos sozinhas e que cada uma tem forças e fragilidades. Além disso, uma campanha de feedback fomentou o reconhecimento das nossas colaboradoras pelos colegas de trabalho, workshops em português e espanhol apresentaram temas importantes para reflexão e aprendizado – por exemplo, Síndrome da Impostora, Marketing Pessoal e Networking – e pílulas do conhecimento reforçaram desafios que ainda precisamos vencer no dia a dia.

Em 2023, aproveitaremos a oportunidade para homenagear e reconhecer nossas colaboradoras em seus inúmeros papéis – profissionais, mães, filhas, irmãs, primas, amigas, esposas e tantos outros. Muitas vezes, as próprias mulheres se cobram demais e se esquecem de valorizar quem são e suas conquistas. Por isso, a empresa preparou ações especiais para celebrar e reconhecer as conquistas de todas as mulheres, além de reforçar a busca por respeito e equidade. O pontapé inicial da campanha foi uma votação, na América do Sul, para reconhecer nossas inspirações em quatro categorias (mulher inspiradora, resiliente, conselheira e parceira). O encerramento será com sorteios para estimular o equilíbrio pessoal/profissional e um bate-papo com uma convidada especial: Nathalia Zagnoli, que falará sobre a Síndrome do(a) Impostor(a). No entanto, acreditamos que as iniciativas precisam ir além da conscientização em datas especiais, partindo para ações práticas que contribuam para fomentar a transformação e para legitimar a nossa cultura em nosso ambiente de trabalho. Assim, ações em prol da diversidade acontecem ao logo de todo o ano, como, por exemplo, nosso Programa de Mentoria Feminina, realizado em 2022, e uma pesquisa com profissionais que voltaram de licença-maternidade para diagnóstico e desenvolvimento de plano de ação. 

CM - Qual é a maior dificuldade na área de Recursos Humanos para aumentar a presença feminina e estimular a diversidade, considerando todos os grupos envolvidos?

Juliana Morato - Percebo que um desafio é trazer todos os públicos para essa jornada de transformação, pois, muitas vezes, quem nunca viveu discriminações ou adversidades pela falta de inclusão pode ter mais dificuldades para abraçar a mudança. Quando implementamos a meta para mulheres na liderança, por exemplo, senti um pouco de receio e insegurança, tanto em homens quanto em mulheres, na empresa. Notamos certa apreensão quanto a possíveis questionamentos de meritocracia, competências e desempenho. Por isso, foi tão importante trabalhar para além dos números, não só conscientizando a todos, como desenvolvendo as pessoas para que essas metas sejam legitimadas e sustentáveis a longo prazo. A atuação da RHI Magnesita tem sido justamente trazer homens e mulheres para as iniciativas em prol da diversidade, ao mesmo tempo em que amplia a capacitação e empodera as mulheres. 

A questão da infraestrutura para receber profissionais mulheres também foi – e é – outro desafio. Não basta contratar mais mulheres para a fábrica, por exemplo. Elas precisam se sentir à vontade, representadas e respeitadas nesse ambiente. Por isso, o trabalho da RHI Magnesita tem buscado, nesse sentido, promover a equidade. Podemos dizer que, em linhas gerais, até 2018 houve um foco grande na conscientização e valorização da mulher. Agora, as organizações entenderam que conquistar a diversidade vai muito além de simplesmente reconhecer que as diferenças existem e trabalhar a conscientização. Então, de 2019 para cá, avançamos no sentido de adaptar procedimentos e estruturas empresariais, de acordo com as demandas das colaboradoras. Isso significa implementar iniciativas mais palpáveis em prol da equidade, para legitimar e consolidar, de fato, a cultura da diversidade e inclusão, com ações simples, mas fundamentais, como a construção de vestiário feminino e área para lactantes, já mencionadas anteriormente. 

CM - Na sua experiência pessoal, poderia selecionar alguns momentos que a marcaram negativamente e/ou positivamente?  

Juliana Morato - Entrei na RHI Magnesita muito jovem e com pouca experiência no mercado de trabalho, sem bagagem na mineração e indústria. Foi difícil aprender a me posicionar em um ambiente muito masculino e bastante técnico, construir confiança, me sentir segura para me expressar e, principalmente, provocar quando discordava. Tive sorte de ter ótimas gestoras no início da minha jornada e de ter construído minha trajetória em uma empresa que, apesar de parecer tradicional, pelo segmento, oferece muita abertura e flexibilidade. 

Também foi desafiador entender o quanto se pode demonstrar feminilidade no mundo corporativo, principalmente neste setor, seja por meio de roupas ou maquiagem. Pode parecer bobagem, mas, por muito tempo, não tive coragem de ir trabalhar de vestido, por exemplo, e achava que não deveria me maquiar no dia a dia de trabalho, para não parecer que queria me destacar por outra razão que não a minha competência e minhas entregas. Foi com o tempo, maturidade e inspirações femininas no meu entorno que fui aprendendo que também posso – e devo – ser eu mesma e estar adequada ao ambiente corporativo ao mesmo tempo.

CM – Gostaria de acrescentar algum comentário sobre o tema da diversidade?

Juliana Morato - O Dia da Mulher nos convida a diversas reflexões, especialmente o fato de que a diversidade não é uma jornada exclusiva das mulheres. Se não tivermos todos nesse movimento – homens, mulheres, empresas, famílias, o processo de mudança se arrastará por mais décadas. Por isso, a relevância de entendermos os impactos e a importância de discutir o tema com maturidade, respeito e discernimento, dentro e fora das organizações, promovendo um tratamento justo entre homens e mulheres, considerando suas diferenças e necessidades. Assim, entenderemos, ainda, que ser diferente não é ruim e que as diferenças não justificam a desigualdade nos direitos e nas responsabilidades. Enquanto nossa cultura fora dos muros das empresas não mudarem, será difícil mudar dentro das empresas também. Se, por exemplo, a mulher for a principal responsável – quando não a única – pela casa e pelos filhos, a discrepância no mercado de trabalho continuará existindo. Por isso, é essencial promover diálogos em todos os âmbitos, mesmo quando parece que estamos falando sobre o óbvio.

Novo banheiro feminino na unidade de Contagem (foto: RHI Magnesita)